segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Kartik Purnima 2025

 

Kartik Purnima

Kartik Purnima – A Lua Cheia da Luz e da Pureza

Kartik Purnima é uma das luas cheias mais sagradas do calendário védico, profundamente simbólica e rica em significado espiritual, ecológico e energético, que se comemora entre o mês de outubro e novembro mais precisamente no dia 5 de novembro de 2025,( dia em que fazemos o nosso concerto meditativo  de sons e voz)

Kartik Purnima ocorre no 15.º dia do mês védico de Kartika, quando a lua está plena e brilhante.
É considerada o ponto mais alto e o apogeu da luz espiritual após o Diwali, marcando o fim de um ciclo de purificação interior que começou com as festividades das luzes.

- Está associada a Lord Vishnu, Lord Shiva, e também a Devi Ganga (o rio sagrado).

- Também é designado como Tripura Purnima, pois segundo os Puranas, neste dia Shiva destruiu as três cidades demoníacas (Tripura), simbolizando a libertação das três impurezas da mente: ego, desejo e ignorância

Este é o ponto de termino do ciclo da luz — quando o Sol e a Lua irradiam simultaneamente equilíbrio e pureza.
Em termos energéticos, acredita-se que neste período a água e o fogo estão especialmente purificados neste dia, que os rituais com banhos sagrados, oferendas luminosas (deepa dana) e recitação de mantras têm efeito multiplicado e que é um momento ideal para encerrar karmas antigos e renovar votos espirituais.

 

Como podemos comemorar este dia:

Primeiro devemos tomar um banho ao amanhecer (Ganga Snan) — simbolizando a limpeza do corpo, mente e alma. Se for possível deve ser tomado num rio devendo em todas as situações deitar na água pétalas e plantas sagradas (tulsi, sândalo, alecrim, manjericão).

De seguida acender lamparinas de ghee ou óleo vegetal (Deepa Dana) tanto em casa, como nos jardins ou mesmo junto à água.
Cada chama representa o despertar de uma virtude interior, a paz, a fé, a humildade e a compaixão.

Devemos verbalizar um mantra ou bhajans ( cânticos devocionais) de Vishnu, Shiva ou Ganga Devi:

“Om Namo Bhagavate Vāsudevāya”

“Om Namah Shivaya”

“Om Gangāyai Namah”

No final devemos efetuar uma doação e partilha (Dana) como comida, luzes ou flores, mas, o mais importante e recomendado é efetuar atos de bondade neste dia.

 

Plantas e elementos naturais associados

- Tulsi (Ocimum sanctum) – planta sagrada de Vishnu, símbolo de pureza.

- Sândalo (Santalum album) – usado em pastas e óleos para purificação do ar e do corpo.

- Lótus (Nelumbo nucifera) – representa o florescimento espiritual em meio à lama da vida.

- Ghee ou óleo de sésamo – usados nas lamparinas e aplicar óleo.

 

Visão espiritual

Kartik Purnima ensina o princípio de “Tejas” como sendo a luz interior que queima as impurezas e desperta o discernimento (viveka).
É um tempo para:

- Libertar velhos hábitos mentais,

- Purificar o coração através do perdão,

- Reconectar-se com o dharma pessoal (propósito da alma).

 

Ritual simples que iremos fazer no nosso evento (concerto meditativo)

Faremos um ritual de purificação com água efetuando uma intenção clara de renovação.

Acende uma lamparina (ou vela) com ghee ou óleo natural frente ao altar.

Recitar o mantra:

“Om Deepa Jyotir Parabrahma, Deepa Jyotir Janārdana,
Deepo me hara tu pāpam, Deepa Jyotir Namostute.”
(“A luz é o Supremo Brahman, que dissipa toda a ignorância. À luz divina, eu me inclino.”)

E

 “Om Namo Bhagavate Vāsudevāya”

“Om Namah Shivaya”

“Om Gangāyai Namah”

 

Fazer uma pequena oferenda — pétalas, frutas, ou mesmo uma intenção de serviço ao mundo.

Termina com silêncio, visualizando luz expandindo-se desde o teu coração para todos os seres.

 

domingo, 26 de outubro de 2025

Compostagem Humana: o Regresso Consciente à Terra

Compostagem humana
 

Compostagem Humana: o Regresso Consciente à Terra

Raízes Históricas e Culturais

Muito antes de receber o nome moderno de “compostagem humana”, a ideia de devolver o corpo à Terra de uma forma natural já existia em inúmeras tradições antigas.
Civilizações como as dos povos indígenas da América, os druidas celtas e as culturas védicas da Índia viam o corpo físico como parte do ciclo da natureza, destinado a regressar à terra, ao ar, à água e ao fogo.

Nos Vedas, o corpo é descrito como “panchamahabhuta sharira” — uma composição dos cinco elementos (terra, água, fogo, ar e éter). Quando a vida termina, o equilíbrio restaura-se pela devolução dos elementos à natureza.
Essa visão foi substituída, no mundo moderno, por processos de cremação e inumação que, embora culturais, interrompem parcialmente o ciclo natural da matéria.

A compostagem humana, reaparece agora com suporte científico, reconectando práticas ancestrais com tecnologias ecológicas modernas, permitindo que o corpo volte a ser solo fértil, literalmente.

O Processo e as Suas Vantagens

O processo consiste em acelerar a transformação natural do corpo humano em solo fértil, através da ação de microrganismos, calor e oxigénio.
Em vez de embalsamamento ou cremação, o corpo é colocado num ambiente controlado — com lascas de madeira, palha e outros — onde se decompõe naturalmente em 30 a 60 dias.
O resultado é um composto limpo, rico em nutrientes, sem risco sanitário, e totalmente integrado nos ciclos da vida vegetal.

Este processo implica várias vantagens ecológicas:

- Reduz emissões de carbono: evita o consumo energético da cremação e o uso de produtos químicos tóxicos.

- Devolve nutrientes ao solo: transforma o corpo em húmus fértil, contribuindo para reflorestamento e regeneração da terra.

- Respeita o ciclo natural da vida: reintegra o corpo na teia ecológica sem resíduos poluentes.

- Promove consciência ambiental: transforma o luto num ato de amor à Terra.

Dimensão Espiritual e Filosófica

Na visão espiritual, a compostagem humana não é o fim, mas um retorno sagrado ao princípio.
É a expressão mais pura do conceito de impermanência e interconexão “nada se perde, tudo se transforma”.

Do ponto de vista ayurvédico, o corpo é um veículo temporário do ātman (a alma).
Quando ele regressa à Terra em forma de solo fértil, a matéria continua o seu dharma o dever natural de servir à vida.
Assim, o processo converte-se num rito de passagem ecológico e espiritual, onde o ser humano oferece-se de volta à Terra aquilo que dela recebeu.

 “Da Terra viemos, à Terra voltamos e dela florescemos novamente.”

Algumas tradições espirituais contemporâneas veem neste processo um gesto de humildade e reconciliação com o planeta, num “último ato de ecologia viva”.
A compostagem humana torna-se, assim, uma cerimónia de continuidade:
a pessoa regressa à Terra não como desaparecimento, mas como semente de renovação.

Importância no Mundo Atual

Num tempo em que o planeta enfrenta exaustão de recursos e desconexão do sagrado natural, a compostagem humana simboliza um novo paradigma de relação entre humanidade e Terra.
Ela devolve a morte ao seu lugar natural, limpo e consciente, e a vida à sua dimensão cíclica.

Ao adotarmos práticas como esta, deixamos de ver o corpo como algo a esconder ou destruir, e passamos a vê-lo como um recurso vivo de regeneração.
É o eco de uma sabedoria antiga que retorna para nos lembrar que somos natureza e a natureza é o nosso destino.

 “Quando o corpo volta à terra, o espírito encontra o céu.”

A compostagem humana é mais do que um método ecológico é um ato de gratidão e reverência pela Vida.
É escolher fechar o ciclo com consciência, amor e propósito.

 

Compostagem humana

Porque é que devemos optar por esta prática?

O conhecimento do que é a inumação (enterro tradicional) e a incineração (cremação) é essencial para compreender por que práticas como a compostagem humana está a ganhar espaço tanto do ponto de vista ecológico quanto ético e espiritual.

 

Compostagem humana

Vou aqui descrever algumas desvantagens sobre estas duas práticas mais comuns:

A inumação é a colocação do corpo num caixão, num jazigo, numa cova ou mesmo numa preservação química (embalsamamento).

Desvantagens ambientais destas práticas:

O uso intensivo de espaço e recursos

- Os cemitérios ocupam grandes áreas de solo urbano ou periurbano, muitas vezes impermeabilizadas e inacessíveis para outros usos.

- A gestão de terrenos e manutenção prolongada implica consumo contínuo de energia e água.

Contaminação do solo e das águas

- Os fluídos corporais e produtos químicos do embalsamamento (como formaldeído, metanol e fenol) infiltram-se no solo, podendo contaminar lençóis freáticos.

- Caixões de madeira tratada, metais e betão libertam metais pesados e solventes ao longo do tempo.

Uso de materiais não sustentáveis

- A produção de caixões, lápides e estruturas funerárias consome grandes quantidades de madeira nobre, pedra e metal.

- Pouco ou nada se recicla, gerando um legado material que não se reintegra no ciclo natural.

- É necessária uma árvore para fabricar cinco caixões.

- Um relatório sobre o setor funerário nos EUA estima que são usados cerca de 9.144.000 metros de madeira por ano para fazer caixões, isto corresponde a uma estimativa de abate de 39 788 árvores por ano

Lentidão na decomposição

- Devido á falta de oxigenação e à presença de produtos químicos, o corpo demora pode demorar décadas para se decompor, dificultando o ciclo natural de retorno à terra.

Desconexão espiritual

- A forma rígida e materialista do modo como se faz a inumação hoje afasta-se da visão cíclica da vida e da morte, transformando um processo natural em algo artificial e distante.

Na Cremação ou incineração o corpo é reduzido a cinzas através de combustão a altas temperaturas (700–1000°C), consumindo combustível fóssil (gás natural, propano, ou óleo).

Desvantagens ecológicas e éticas

Elevadas emissões de carbono

- Cada cremação emite entre 160 e 250 kg de CO, além de dióxido de enxofre e óxidos de azoto.

- Multiplicado por milhões de cerimónias anuais, representa uma pegada ecológica significativa.

Libertação de poluentes tóxicos

- O processo liberta mercúrio (de obturações dentárias), partículas finas e metais pesados na atmosfera.

- Mesmo com filtros modernos, parte desses compostos permanece como resíduo perigoso.

Consumo energético elevado

- Uma única cremação consome energia equivalente a conduzir um carro durante 800 km.

- É um processo intensivo e dependente de combustíveis fósseis insustentável a longo prazo.

Perda completa de matéria orgânica

- Ao transformar o corpo em cinzas minerais, a cremação interrompe o ciclo natural da matéria, eliminando a possibilidade do corpo nutrir a vida terrestre.

- Do ponto de vista simbólico, é um ato de ruptura, não de reintegração.

Distanciamento ritual e espiritual

- A cremação moderna é muitas vezes tratada de forma industrial e rápida, reduzindo o espaço para rituais de passagem conscientes e ecológicos.

- Em contraste, as práticas naturais permitem uma ligação mais íntima e simbólica com o processo de retorno à Terra.

 

compostagem humana

 

Por curiosidade veja o primeiro projeto de compostagem humana

https://www.archdaily.com.br/br/929158

Que o teu corpo encontre repouso, a tua mente serenidade e o teu espírito a doçura do equilíbrio.

Hari Om

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Curso de Cosmética Natural Ayurvédica como autocuidado (Sharira Saundarya Paricharya)

 

curso de Cosmética ayurvedica

 

Cosmética Natural Ayurvédica como autocuidado (Sharira Saundarya Paricharya)

Nesta formação propomo-nos emergir no universo da cosmética natural, onde a ancestralidade, a experiência, a natureza, a sensibilidade e a sensorialidade se encontram para cuidar do corpo de forma consciente e sustentável.
O objetivo é compreender como criar produtos eficazes, puros e vibrantes, respeitando o equilíbrio da pele e o ciclo natural dos ingredientes.

Ao longo da formação, o participante irá aprender a formular, preparar e personalizar diferentes tipos de produtos, explorando texturas, aromas e propriedades terapêuticas das matérias-primas naturais.

 Conteúdos Principais

- Cremes de Corpo
Aprender a elaborar cremes nutritivos e hidratantes, com manteigas vegetais, óleos essenciais, emulsões equilibradas e outros.
Serão abordados princípios de textura, conservação natural e sinergias aromáticas para diferentes tipos de pele.

- Cremes de Rosto
Foco em formulações leves, regeneradoras e adaptadas às necessidades específicas da pele facial — hidratação, proteção e revitalização.
Exploraremos ativos vegetais, hidrolatos e óleos finos para resultados visivelmente saudáveis e luminosos.

- Óleos | creme Pós-Sol
Desenvolvimento de misturas calmantes e reparadoras, com plantas e óleos que aliviam a pele após a exposição solar.
Serão apresentados ingredientes com ação anti-inflamatória, refrescante e regeneradora, como aloé vera, calêndula e lavanda.

- Desodorizantes Naturais (Sólidos e Líquidos)
Criação de fórmulas seguras e eficazes, livres de alumínio e químicos sintéticos.
Aprenderemos a equilibrar bases minerais, argilas e extratos vegetais, garantindo frescura, proteção e bem-estar duradouro.

- Objetivos da Formação

- Compreender os princípios da cosmética natural e o papel de cada ingrediente.

- Aprender a formular e preparar produtos corporais e faciais com segurança e consciência.

- Desenvolver autonomia para criar linhas personalizadas e ecológicas.

- Estimular uma relação mais profunda com o cuidado, transformando o gesto de aplicar um creme num ato de amor e equilíbrio.

- Aprender a cuidar de si própria

Destinatários

Esta formação destina-se a todos os interessados em cosmética natural, terapeutas, artesãos e profissionais de bem-estar que desejem aprofundar conhecimentos e práticas sustentáveis.

Metodologia

Formação prática e sensorial, com demonstrações, preparação individual de produtos e partilha de experiências.
Cada participante levará uma das suas criações e um manual com receitas base e fórmulas ajustáveis.

Queremos propor e fazer acontecer com que cada aroma, cada textura, cada planta e cada elemento utilizado se torne mestre no cuidado do corpo e do espírito.
Ao criar uma cosmética natural, aprendemos não apenas a cuidar da pele, mas também a cultivar a nossa presença, e ao mesmo tempo respeito, harmonia e conexão com a natureza.

 “Shariram adyam khalu dharma sadhanam”
O corpo é o primeiro instrumento do dharma,
e cuidar dele é também um ato espiritual.

Quem ministra o curso:

Maria Helena Sousa e Vitor José

Este Curso realiza-se dia 15 de Novembro de 2025, Sábado das 9.30 12.30 e das 15 ás 18.00
Valor evento : 120€ 
Quem se inscrever e pagar até 31 de Outubro o valor é de 100€
Pagamento:
Entidade. 21 312
Referencia : 503 580 158
Valor : 120€
Envie por favor comprovativo de pagamento
ficha de inscrição disponivel em:
https://ayurveda-gdm.blogspot.com/