quinta-feira, 14 de outubro de 2010

BASTI


É o nome do tratamento ayurvédico de limpeza e nutrição do intestino grosso (cólon). No ocidente é conhecido como enema ou clister.

Segundo o Charaka samhitá “o basti é metade de qualquer tratamento, senão o tratamento completo”.
Como já foi referido em citações anteriores para a ayurveda, o intestino grosso é a sede do dosha vata e todo desequilíbrio inicia em vata: ele governa os outros doshas. Por esta razão, o basti é considerado o tratamento ayurvédico mais importante, não apenas para reduzir vata, mas para equilibrar os outros dois doshas – Pitta e kapha.

É no intestino grosso onde a maior parte da água e dos nutrientes são absorvidos pela corrente sanguínea: em suas paredes, células inteligentes separam o que deve ser absorvido e o que deve ser expelido. Com o tempo, as paredes do intestino vão ficando “sujas”, os resíduos vão-se acumulando, devido a uma alimentação desequilibrada com excesso de produtos químicos, industriais e carnes, pouca ingestão de água e fibras etc.. Estes resíduos, principalmente os de origem animal empregnam-se nas micro-vilosidades intestinais, entrando em putrefacção liberando substâncias altamente tóxicas que serão absorvidas e levadas para outras partes do corpo pela corrente sanguínea, causando muitas doenças.





Diferente de uma lavagem intestinal, o objectivo de um tratamento com basti não é unicamente lavar o cólon, mas também nutri-lo. Segundo a ayurveda se apenas lavamos o intestino estaremos deixando-o desprotegido pois a lavagem apenas com água leva consigo não somente matéria perniciosa mas também uma série de bactérias importantes que formam a chamada flora intestinal. Durante o tratamento com basti, decocções com ervas, óleos medicados, determinada variedade de sal e algumas vezes mel são introduzidos pelo reto.



Existem dois tipos de basti:
Niruha basti os de limpeza
Sneha basti os de nutrição

Na maioria das vezes, o sneha basti é realizado apenas com óleo de gergelim e algumas vezes com algum óleo ou ghee medicado (com bala ou brahmi), tendo como principal função a redução e tonificação de vata e o fortalecimento de apana-vayu( subdosha de vata 1. Prana Vayu, 2. Udana Vayu,
3. Samana Vayu, 4. Vyana Vayu, .5. Apana Vayu ).

A dosagem de óleo pode variar de 40 a 100ml, dependendo das necessidades do paciente e do tratamento escolhido. Os bastis de limpeza tem uma composição mais complexa contendo, como já foi dito anteriormente, decocções principalmente de ervas tônicas como a Bala (sida cordifólia), o alcaçús (yashtimadu) e o Brahmi ( bacopa monniera), quantidades menores de óleos puros ou medicados, sal de rocha ou sal marinho não iodado (para aumentar as secreções intestinais) e, algumas vezes, mel. A quantidade de líquido introduzido via retal vai de 500ml a 1,5 litros.

A terapia do basti pode ser classificada de acordo com a função terapêutica a que se destina:

- snehana: nutrição
- shodhana: purificação
- lekhara: para reduzir algum tecido em excesso
- brimhana: para aumentar algum tecido com deficiência
- doshahara: para reduzir ou remover algum dosha
- shamana: para pacificação de algum dosha em desequilíbrio

Antes da aplicação de um basti deve-se realizar um massagem com óleo morno na barriga do paciente e na coluna lombar, aquecendo a região com uma bolsa de água quente por alguns minutos. Esse procedimento prepara o intestino e relaxa a pessoa para a aplicação da técnica. O paciente deve estar deitado sobre o seu lado esquerdo durante a aplicação do basti permanecendo por 10 minutos e em seguida deitar sobre o lado direito, oposto ao fluxo natural do intestino para facilitar a penetração dos líquidos, devendo permanecer nesta posição por pelo menos mais 10 minutos.


O tempo de tratamento depende do número de enemas a serem realizados, geralmente é feito um por dia e um tratamento maior pode levar até 30 dias ou 30 enemas consecutivos sendo que niruha basti e sneha basti são realizados intercalados e sempre se finaliza com um sneha basti (nutrição).





Abaixo, algumas das principais plantas utilizadas para niruha basti:

Ashwagandha
(withania somnifera – imunomoduladora), Tribulus terrestris (impotência sexual), Guduchi (Tinospora cordifolia - tumoricida), Amla (Emblica officinalis - tónica), Bala ( sida cordifólia - tónica), Brahmi (Bacopa moniera - tónica).






Indicações do basti:

Segundo a Ayurveda, o niruha basti é indicado para qualquer doença ou desequilíbrio, principalmente quando vata está obstruindo os canais: dores abdominais, sensação de pressão no peito, gazes, pressão intestinal, dor cardíaca, dores de cabeça, dores articulares, paralisia, constipação, intoxicação, tremores, desordens nervosas, gastrointestinais, obstipação, perda de força, fraqueza muscular, febre, dor de cabeça, infertilidade, cálculos renais, esquizofrenia, perda de força ou fraqueza, transtornos psiquiátricos, gota, dores reumáticas dificuldade de absorver nutrientes, etc..

Contra-indicado em casos de perfuração intestinal, diarreia, pessoas muito debilitadas, pacientes com excesso de ama (toxina) no sistema digestivo, que receberam muita oleação ou estão com fome e sede excessivos.

O sneha basti tem as mesmas indicações do niruha basti, e ainda indicados em casos de excesso de fogo digestivo, úlcera gástrica, secura geral, pele envelhecida, articulações barulhentas ansiedade e agitação mental e como preparação para o parto (fortalece apana).
Contra-indicações casos de febre, anemia, diabetes e excesso de kapha e no tracto gastro-intestinal.




Este artigo foi trancrito do Blog - Sala de Ayurveda de Daiane Bortolon


domingo, 3 de outubro de 2010

A evolução da doença: Shat-Kriyakal



Ayurveda descreve a evolução da doença em seis etapas que descrevem os processos inteiros ou actividades que acontecem no nosso organismo Os factores que causam doenças quando exposto ao organismo causam a perturbação e o desequilíbrio dos doshas. O aumento ou diminuição do Dosha vai provocar a doença. A Ayurveda descreve sinais e sintomas como resultado de complicações da doença, por isso, trata a doença antes das suas manifestações ou complicações.
As seis etapas são:
1.Sanchaya (Acumulo de Dosha)
2.Prakopa (Agravamento do Dosha)

3.Prasara (Estravasamento do Dosha)

4.Sthansamshraya (Deposição de Dosha)

5.Vyakta (Fase de manifestações clínicas)

6.Bheda (Fase de complicações das doenças)

sábado, 18 de setembro de 2010

Jejum e Monodieta

O descanso para o sistema digestivo...



Para a medicina ayurvédica a principal causa de doenças e desequilíbrios tem origem no sistema digestivo. Estes desequilíbrios estão essencialmente ligados a uma alimentação desequilibrada, geralmente proveniente de combinações incompatíveis de alimentos, exageros alimentares e o excesso de alimentos industrializados e seus ingredientes de baixo valor nutricional e alto valor calórico. Estes hábitos sobrecarregam o sistema digestivo e apagam o agni (fogo digestivo) permitindo a formação de toxinas que acabam por migrar de seu local de origem – estômago e intestinos, se espalhando por todo o corpo, e atingindo os órgãos vitais. A alimentação ayurvédica preconiza que devemos preferir alimentos de acordo com nosso biotipo, mas muitas vezes o sistema digestivo está tão congestionado que estas escolhas não são suficientes para o alívio dos sintomas causados por anos de sobrecarga alimentar. Para estes casos a ayurveda indica as monodietas e os jejuns desintoxicantes.

No jejum todos os alimentos sólidos são evitados, ou mesmo qualquer ingestão de alimentos, incluindo os líquidos. Este tipo de jejum é geralmente realizado por praticantes de yoga ou por razões religiosas sendo efectuado em períodos onde os praticantes de yoga intensificam a meditação e os religiosos intensificam as orações deixando de se focar na alimentação do corpo e voltando-se para o alimento do espírito. A ayurveda não recomenda jejum sem nenhum alimento, no jejum pode-se beber água ou mesmo escolher algum suco cuja planta possua efeito terapêutico específico para o caso. O jejum é considerado uma prática para renovação espiritual e desintoxicação da consciência através do descongestionamento da mente. O jejum não deve ser iniciado abruptamente, para isso deve-se buscar uma primeira experiência com as monodietas.


A monodieta consiste em comer apenas um alimento por um dia ou mais para aliviar o sistema digestivo e reacender o agni para queimar os excessos de toxinas que estão a circular no trato gastrointestinal. Quando ficamos um ou mais dias ingerindo apenas um tipo de alimento conseguimos desprogramar o metabolismo, provocando transformações bioquímicas que irão promover a desintoxicação, principalmente através da limpeza do sistema linfático cujos metabólitos(
produto do metabolismo de uma determinada substância) são drenados e eliminados durante a prática. Para a ayurveda, este efeito é explicado através do poder do agni eliminando ou queimando ama ( toxina), quando o agni não está a funcionar bem, a tendência é que o alimento não consiga ser bem digerido, causando dificuldades para que posteriormente os nutrientes sejam bem absorvidos bem como seus princípios terapêuticos. A monodieta pode ser direccionada para casos específicos através da indicação da escolha do alimento a ser ingerido, que terá seu poder terapêutico potencializado durante o tratamento – por exemplo monodieta de rabanete em combate ao ácido úrico ou de melancia para fortalecer o sistema urinário, propriedades concentradas. A monodieta também é muito eficaz para o tratamento de distúrbios alimentares como a compulsão por doces e alimentação excessiva e, apesar de emagrecer, não deve ser utilizada com esta finalidade.
Além da escolha do alimento apropriado que deverá ser ingerido, durante o tratamento deve-se estimular o fogo digestivo com chás picantes como o de gengibre e temperar o alimento com especiarias digestivas.

Para cada dosha, há muitas possibilidades de alimento..

Pitta



Alimentos:
maçã cozida, arroz integral bem cozido, rabanete, suco de uva, suco de romã, inhame, água de côco.
especiarias:
coentro, cominho, canela, gengibre, feno grego e cúrcuma e pimenta do reino.
Duração: 1 a 4 dias
Jejum: 1 dia


Vata

Alimentos:
arroz branco (o integral é pesado para a digestão do vata), kichadi, quinoa, polenta (milho), banana ou abacaxi, cozidos com canela, manga.
Especiarias:
canela, cominho, cravo, cardamomo, erva doce e gengibre.
Duração: 1 a 3 dias
Jejum: vata é o único dosha que não deve fazer jejum, sua característica etérea é potencializada pela abstinência de alimentos, podendo agravar ainda mais o desequilíbrio.

Kapha
inhame
Kapha
é o dosha que deveria fazer monodieta mais regularmente que os outros doshas, pelo menos 1 dia por semana pois tende a acumular muita toxina.

Alimentos:
arroz integral bem cozido, abóbora, inhame, maçã, pêra e diospiro.

Especiarias:
todas as pimentas, semente de mostarda, gengibre, canela.
Duração: até 7 dias
Jejum: 2 dias

Propriedades do inhame: depurativo, desintoxicante e regulador. Esta dieta é utilizada no tratamento de infecções agudas ou crónicas de qualquer tipo, em especial as amigdalites, abcessos, inflamações articulares, reumatismo, crises de gotas, sinusite, deficiência imunológicas, doenças articulares, inflamações e infecções renais ou urinárias. Como o inhame possuem propriedades que combatem a formação de células malignas, a dieta também é indicada para casos de tumores (benigno ou maligno).

Propriedades da abóbora: ajuda a controlar o nível de glicose em casos de diabetes, depura o sangue do mau colesterol.



Normalmente essas dietas podem provocar reacções, como dor de cabeça, fraqueza, indisposição, irritabilidade, diarreia e/ou fezes com odor forte e eventualmente prisão de ventre no primeiro dia. Estes sintomas tendem a ser mais intensos em organismos muito intoxicados, mas desaparecem logo. Para isso, é indicado tomar suco concentrado de gengibre e limão.
Após o primeiro dia de tratamento e passadas as fases mais difíceis do processo, os efeitos da monodieta e do jejum começam a manifestar-se. No lugar do desconforto fruto de nossos condicionamentos, uma incrível sensação de felicidade, leveza e bem estar passam a manifestar-se no nosso corpo e na mente. Paz mental, clareza de ideias e criatividade passam a preencher a nossa consciência.

Importante: Jejuns longos podem agredir o corpo pois consomem massa muscular. O jejum é contra indicado para gestantes.
Procure sempre acompanhamento especializado antes de decidir fazer um tratamento mais longo, tanto nos casos de monodieta como os de jejum pois estas terapias além de movimentar toxinas, afloram emoções. Massagens e os tratamentos ayurvédicos são terapias de apoio às ocorrências durante os jejuns e monodietas.
Benefícios do Jejum
Melhora a clareza mental e tira o peso do cérebro.
Perda de peso sem flacidez
Equilibra o sistema nervoso
Aumenta a energia e percepção sensorial.
Revitalizadas os órgãos
Harmoniza a bioquímica celular
A pele fica sedosa, macia e sensível
Há uma maior facilidade de circulação sanguínea.
A respiração torna-se mais completa, mais livre e mais profundo
O sistema digestivo é rejuvenescido e torna-se mais eficaz, a acção peristáltica dos intestinos (a causa de um movimento natural do intestino) é mais forte após o jejum.
O jejum faz trazer os sabores de volta degustando mais os alimentos saudáveis
O jejum pode aumentar a confiança e a nossa capacidade de ter controle sobre a nossa vida e nosso apetite,
O metabolismo regula e a oxigenação celular são restauradas.
Desintoxicação - assim como o corpo percebe que é o jejum que começará a eliminar substâncias e toxinas que causam a doença, como as células de gordura, placas de colesterol arterial, muco, tumores, preocupações armazenadas e emoções.



Este artigo foi trancrito do Blog - Sala de Ayurveda de Daiane Bortolon



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

LOTA para efectuar o NETI

Lota
Lota


Design: Vitor Varão
Contactar por Email caso queira adquiri uma lota.


Peça de cerâmica destinada à higienização nasal.
A técnica utilizada designa-se NETI

Benefícios orgânicos fisiológicos
Este método de limpeza das narinas ou higienização nasal traz inúmeros benefícios, fisiológicos, orgânicos, e também psíquicos.

Dentre os maiores benefícios orgânicos podemos citar o combate a rinite, sinusite, resfriados alérgicos, alergias respiratórias de modo geral.

A profilaxia do sistema respiratório superior é muito importante para que o órgão que talvez mais usamos no corpo as narinas funcione na sua
plenitude e eficiência.

A função das narinas é filtrar, aquecer, e humidificar o ar que respiramos.

Se tivermos em atenção a qualidade do ar dos diversos ambientes que frequentamos, as mudanças de temperatura, a poluição atmosférica e a humidade a que estamos expostos, então temos de cuidar das nossas narinas com muito carinho!

Em determinadas épocas do ano em que a humidade relativa do ar está mais abaixo do normal, ou seja, o ar está seco, lavar as narinas vai hidratar as mucosas impedindo a sua secura.
Pessoas que trabalham em ambientes com ar condicionado onde o ar está sempre frio e seco devem com regularidade fazer o Neti para hidratar as mucosas pois o ar condicionado retira a humidade.

Com certeza a baixa resistência imunológica a que a maioria das pessoas estão sujeitas vem da insuficiência do ar inalado e também de sua qualidade.

A higienização nasal remove as placas de bactérias que se alojam na cavidade nasal, combate os efeitos nocivos da poluição do ar.

Os efeitos de vaso dilatação e de alívio respiratório que sentimos imediatamente após o uso do LOTA, são fantásticos. Quem usa esta técnica durante algum tempo sabe disso.

Ao respirar melhor, promovemos uma melhor oxigenação cerebral, aumentando a lucidez, capacidade de concentração e memória.

Esta técnica quando utilizada frequentemente auxilia, e muito, no combate aos distúrbios do sono, quando a fazemos antes de dormir. O sono torna-se mais reparador, sentindo uma sensação de descanso pela manhã porque as narinas estão disponíveis para a sua função respiratória. Combate o incomodo do ressonar, da apneia. A pessoa que ressona ao dormir respira pela boca ar frio sem filtrar e sem aquecer e ainda inalando todos os ácaros da roupa, fungos e bactérias do ambiente, que podem provocar problemas e inflamação de garganta devido ao sistema imunológico baixo.

Se adoptar-mos o hábito de usar o LOTA pela manhã vamos então tirando os mucos do corpo (característicos de Kapha), os alimentos derivados dos lacticínios aumentam o muco, o catarro e onde eles principalmente se acumulam é no SÍNUS (osso do frontal), origem da sinusite, (inflamação no sínus).

Os benefícios psíquicos:

Analisemos o termo DEPRESSÃO, a própria palavra diz DE-PRESSÃO, (DE = Ausência, falta, PRESSÃO = Ar, gás), Ou seja, falta de AR!

Muito se pode fazer pelas pessoas que fazem tratamento para a depressão se elas respirassem correctamente e melhor!
Assim alguns dos sintomas mais comuns hoje em dia como a ansiedade, sensação de pressão no peito, como se o ar fosse acabar, seguida da angústia, ou seja aquela sensação de não conseguir fazer tudo o que se tem para fazer e dor no peito...ai vem o sufoco....e a sensação de vazio, vazio existencial...

Nessa hora é que damos o devido valor à respiração, sentindo como é bom respirar, como é boa a sensação de alivio, como é bom sentirmos as narinas limpas e a funcionar na sua plenitude.

Função da Água e do Sal:

A água morna tem função vasodilatadora, o sal (cloreto de sódio) é imprescindível dissociando-se em cloro e sódio, o CLORO age como bactericida e o SÓDIO como anti-séptico.
Adiciona-se uma colher de café de sal para o conteúdo de um lota, aproximadamente 300ml.
Devemos utilizar um bom sal, sal marinho ou flor de sal. O sal tem ainda a função de ajudar a proteger e revestir as mucosas nasais bem como manter sua hidratação. Por isso é que a água sem o sal irrita as mucosas e cria sensação de secura.
Recomendo usar água natural ou mineral.
Aquecer a água (controlar a temperatura da água pois as narinas são muito sensíveis) e colocar no LOTA e misturar o sal.

Para sinusites pode usar duas gotas de extracto de propólis, e para rinites duas gotas de limão, existem ainda outras possibilidades utilizadas para a lavagem das narinas com infusões em que podemos nos beneficiar das propriedades fitoterapêuticas das plantas desde que usadas com bom senso.
Em caso mais específico recorrer a um terapeuta


O fenómeno da Difusão por Capilaridade:

Quando se derrama uma gota de água numa folha de papel a água infiltra-se pelos capilares e espalha-se através de um processo chamado difusão por capilaridade. O mesmo fenómeno acontece quando lavamos as narinas, por diferença de temperatura, (água morna), e concentração, (o sal). O tempo de passagem da água através do septo nasal, vai proporcionar o mesmo fenómeno, ou seja, a solução infiltra-se pelos capilares dos ossos do sinus frontal e seios nasais e nesse momento acontece o amolecimento das crostas do muco, catarro, ou pus da infecção da sinusite, que estão encastradas, porque os ossos são porosos, começando assim a expulsar na forma de secreção, ou seja, limpeza.
Os fármacos que “secam” fazem com que as excreções não se libertem, daí que o uso continuo da limpeza nasal tem muito sucesso na cura da sinusite que se faz de uma forma totalmente natural, sem os efeitos colaterais indesejáveis dos fármacos. Por isso o conteúdo do LOTA tem aproximadamente 300 ml para que o tempo da passagem da água pelo septo nasal ronde aproximadamente de um a três minutos.
Livro recomendado
Neti: Segredos Terapêuticos do Yoga e da Ayurveda
DAVID FRAWLEY


quarta-feira, 7 de julho de 2010

História da Ayurveda



Podemos classificar por períodos ou épocas o historial da Medicina Ayurvédica:

1 . Periodo Védico - de 4.000 a 2.000 a.C.:
- Este período refere-se ao tempo em que os mais antigos textos foram escritos, e onde está anotada toda a sabedoria, quer do passado, quer do presente, quer do futuro da Humanidade…, estes textos, são os VEDAS.
Assim, nos Vedas, estão descritas as leis que regem as energias do Universo, em sistema de verso (cânticos-mantras) a fim de mais facilmente serem memorizáveis e poderem ser transmitidos com segurança de geração em geração.
Estão divididos em 4 Vedas, que, por sua vez se subdividem:
Rig Veda
Yajur Veda
Sama Veda
Atharva Veda
No Rig Veda,
O documento mais antigo da literatura hindu, composto de hinos, rituais e oferendas às divindades. Foi escrito por volta de 1700–1100 a.C. Pela sua data fazendo dele um dos mais antigos textos de quaisquer línguas indo-européias e um dos textos religiosos mais antigos do mundo. Encontramos já os principais conceitos de Ayurveda, como seja os 3 Grandes Deuses relativos às forças cósmicas: Indra-Agni e Soma, ligadas aos três importantes humores biológicos: Vata(ar), Pitta(fogo) e Kapha(água).
Yajur Veda,
(yajus"sacrifício" + veda "sabedoria, conhecimento")
Contém textos religiosos com foco na liturgia, rituais e sacrifícios, e como executar os mesmos. O Yajurveda foi escrito durante o período Védico entre 1500 a.C. e 500 a.C.. Temos já indicações sobre saúde e longevidade. Aqui são indicados os conceitos importantes dos tecidos (dhatus) e referenciados os 5 pranas (ou “sopros” vitais no nosso corpo).
Sama Veda
(sāman "canto ritual" + veda "sabedoria , conhecimento " )
O Samaveda fica em segundo lugar na santidade e importância litúrgica depois do Rigveda ou Veda da Louvação Recitada.
O seu Sanhita (samhita), ou porção métrica, consiste principalmente de hinos a serem cantados no intuito de trazer paz, serenidade, bem estar, etc..
Atharva Veda,
(Atharvān,tipo de sacerdote, e veda que significa “sabedoria, conhecimento").
De acordo com a tradição, o Atharvaveda foi principalmente composto por dois grupos de rishis conhecidos como os Bhrigus e os Angirasas.
É o texto védico com maior referência ao Ayurveda, que é considerado um Upaveda, isto é: um ramo do próprio Atharva Veda. Aqui encontramos indicações a ervas específicas, bem como tratamentos a doenças devidamente identificadas. Dá indicações para um dia-a-dia salutar, enquanto os outros Vedas se dedicam mais a partes metafísicas.
Os outros Upavedas, ligados á Ayurveda, são:
Dhanur Veda: É a ciência da guerra e das Artes Marciais
Sthapatya Veda ( vastu Shastra) : arquitectura e geometria sagrada
Gandharva Veda: É o estudo da estética e se fala de todas as formas de arte como música, dança, poesia, escultura e erotismo.
Arthashastra: com a administração pública, governo, economia e política.
Existe uma ligação directa entre Ayurveda e ramos dos Vedas, intitulados VEDANGAS (Vedas + Angas: ramos), que são:
Jyotish – Astrologia
Kalpa – Ritual
Shiksha – Pronúncia
Vyakarana – Gramática
Nirukta – Etimologia
Chandas – Métrica
Período de Desenvolvimento: 2000 – 300 a.C.
Após o desaparecimento da civilização Saravasti, os ensinamentos foram compilados ao longo dos tempos através de vários textos, sempre com respeito nos Vedas, como nos Upanishades, e outras obras chamadas samitas (compilações).
As mais importantes são:
Charaka Samhita
Sushruta Samhit
Ashtanga Hridaya
Estes três tratados conhecidos como os BRIHATTRAYI: Grande Trio
Charaka Samhita: «Compêndio de Charaka», trata dos princípios de fisiologia e anatomia do corpo humano, bem como dos sintomas de várias doenças, como diabetes e artrites.
Sushruta Samhita: «Compêndio de Sushruta», trata da cirurgia, onde se destaca a Escola de cirurgiões de Dhanvantari.
Muitas ervas medicinais e seus efeitos são também referenciados nestes tratados de Ayurveda.
Ashtanga Hridaya: quinta-essência dos oito ramos da Ayurveda, representa uma súmula dos dois compêndios anteriores, compilando também estudos e conhecimentos de outros médicos ayurvédicos
Os Oitos Ramos da Ayurveda – Ashtanga Ayurveda
Kayachikitsa – medicina interna
Shalyatantra – cirurgia
Shalakya Tantra - oftalmologia
Kaumarabhritya – pediatria
Agadatantra – toxicologia
Bhutavidya – psicologia
Rasayana – rejuvenescimento
Vajikarana – afrodisia
Período Clássico: Budismo e Ayurveda: 300 a.C – 1000 d.C.
O Budismo afectou todas as áreas da vida na Índia, dada a sua popularidade.
Vários médicos que seguiam o budismo, aplicaram os princípios de ambas as partes, coordenando a prática budista com a Ayurveda. Um dos mais famosos foi Nagarjuna, que escreveu comentários ao Sushruta, bem como fundou as bases das preparações alquimistas, conhecidas por Rasa Shastra.
Neste período os textos mais importantes de Ayurveda foram traduzidos para árabe, que muito influenciou a medicina Unani- o sistema médico Islâmico.
Período Medieval e o Declínio: 1000 – 1750 d.C.
A invasão e ocupação de quase todo o território indiano pelos Muçulmanos que durou até ao século XVIII, teve como consequência a perseguição e destruição da cultura local, Ayurveda incluída.
Centros universitários, hospitais, mosteiros, foram vítimas de toda esta época de ocupação.
Algumas obras surgiram como o Mahava Nidana que se debruça sobre o diagnóstico das doenças. Raja Nighantu e Madanpala Nighantu, são duas obras importantes sobre ervas.
No século XVI Bhavamishra, considerado o melhor académico da época, escreve um texto importante Bhava Prakasha.
É também durante desta época que acontecem os primeiros contactos com os ocidentais, sendo os portugueses os primeiros, depois os franceses e por último os ingleses.
Período da Ocupação Inglesa: 1750 – 1950 d.C.
A ocupação colonial pelos ingleses negou o Ayurveda fechando escolas existentes, obrigando a uma certa “clandestinidade”.
Era considerada uma medicina atrasada e ligada à superstição, que foi substituída pela medicina ocidental até à independência da Índia em 1949.
Ayurveda na Actualidade
Progressivamente, após a independência, a Ayurveda retoma a sua importância.
As universidades são novamente abertas, bem como os hospitais e clínicas. Toda a sua tradicional e científica sistematização é recuperada estando de novo implantada em toda a Índia e não só.
Países ocidentais interessam-se pelo seu estudo, tendo adquirido o estatuto de medicina alternativa e complementar pela OMS (WHO).

Filosofia Samkhya

SÂMKHYA
Toda a literatura ayurvédica basei-se na Filosofia da Criação Sâmkhya.
O Sâmkhya é uma das seis filosofias (darshanas) da Índia com origem nos Vedas. Na sua essência as darshanas são pontos de vista sobre os Vedas.
As raízes da palavra Sâmkhya são: Sat, que significa “verdade”, e Khya, cujo significado é “saber”.
A palavra Sâmkhya pode ser traduzida como “enumeração” e refere-se à tentativa desta darshana de fazer “uma lista” das várias componentes que formam a realidade. O Sâmkhya é uma das darshanas mais antigas cuja origem é atribuída ao sábio Kapila.
O Sâmkhya debruça-se sobre a vida, a causa da vida, o fim da vida e a maneira como acabar com o sofrimento.
O Sâmkhya é uma filosofia dualista em que a realidade é composta por duas entidades; pususha e prakriti.
Purusha pode ser descrito como sendo puro, a consciência suprema ou como o espírito. Prakriti é frequentemente traduzida por natureza ou a matéria.
Ambas são reais mas transcendentes no sentido em que não são facilmente perceptíveis aos sentidos.
Prakriti é composta por três gunas, ou qualidades.
sattva guna de luminosidade, claridade ou pureza,
rajas guna de paixão e actividade
tamas guna de inércia, estagnação ou opacidade.
Purusha, ou consciência suprema, é o observador impassível de todos os fenómenos.
A presença de Purusha provoca actividade em Prakriti desequilibrando-lhe os gunas e desencadeando o processo de evolução.
Quando os gunas estão em equilíbrio não há criação ou movimento, quando um desequilíbrio é desencadeado por Purusha algo é produzido por Prakriti.
A relação entre Purusha e Prakriti é por vezes comparada a um homem coxo com boa visão sob os ombros de um homem cego. Em conjunto ambos conseguem evoluir, sós ficam estagnados.
Quando aplicado em relação ao ayurveda, para além dos aspectos acima mencionados, segundo o Samkhya o ego (ahamkara) produz os 3 gunas (qualidades)
: sattva (é a estabilidade, aspecto puro, percepção, essência, luz),
rajas (movimento dinâmico)
e tamas (estático, estagnado).
Sattva produz:
1: Os cinco sentidos ou órgãos de percepção (ouvidos, pele, olhos, língua, nariz)

2: Os cinco órgãos motores ou órgãos de acção (boca, mãos, pés, órgãos reprodutores, órgãos excretores)
3: Mente – um órgão de ambas acção e percepção
Tamas produz:
O som, é o guna do Éter (akash)
O tacto é o guna do ar (vayu)
A visão é o guna do fogo (tejas)
O paladar é o guna da água (jala)
O Olfato é o guna da terra (prthvi)
Rajas produz:
A força que promove a actividade, movimento:
acção, criatividade, a engenhosidade, mudança, mutação, transformação, paixão, emoção, nascimento, criação, fundando geração.

Massagem Terapêutica Ayurvédica

Massagem Terapêutica Ayurvédica


O tratamento Ayurveda completo constitui-se geralmente de 3 fases, de forma que o paciente deve tratar-se por dias (mínimo 7 dias a cada fase) necessariamente consecutivos. A primeira é PURVAKARMA, a segunda é PANCHAKARMA, que constitui a acção principal, e a terceira PASCIAKARMA.

As massagens terapêuticas do Ayurveda trabalham tanto nos níveis físicos quanto mentais, transmitindo uma energia vital que ajuda a reparar e renovar todos os sistemas do corpo. Proporciona relaxamento, circulação e eliminação de toxinas. Terapeutas ayurvedicos concentram-se nos marmas, pontos de entrada de energia vital no corpo que responde à manipulação física, e trabalham diferentemente em cada corpo. Os pontos marmas são o encontro dos sete tecidos do corpo “dhatus”, e quando cada ponto e dinamizado durante a massagem, na verdade estamos equilibrando todo o corpo.

Nestes tratamentos são usados óleos essenciais de acordo com o tipo dominante da pessoa: Vata (vento) – elementos ar e akasha - óleo de sésamo; Pitta (bile) – fogo e água - óleo de coco, e Kapha (mucos) – água e terra - óleo de mostarda ou azeite. Cada um deles tem áreas específicas de actuação e funções terapêuticas de acordo com como são aplicadas. Assim como as ervas aplicadas nas massagens terapêuticas.

As massagens ayurvedicas nutrem os sete componentes do corpo humano, “dhatus”. Ao friccionar, comprimir e pressionar a musculatura, e ao manipular os pontos de pressão, se intensifica a circulação do sangue, da linfa e das hormonas, que por sua vez, fortalece os sistemas nervoso e imunológico. Preparam o corpo para próximas etapas de tratamento.

Os sete componentes do corpo humano são:

1 - Rasa (fluidos, hormonas, linfa)

2 - Rakta (sangue)

3 - Mansa (carne, músculos e pele)

4 - Medha (gordura)

5 - Asthi (ossos e dentes)

6 - Majja (medula)

7 - Shukra (sémen)

O AYURVEDA: “A CIÊNCIA DA VIDA”

O AYURVEDA: “A CIÊNCIA DA VIDA”
Ayurveda é o nome dado ao conhecimento médico desenvolvido na Índia há cerca de 7 mil anos, o que faz dela um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade.
Ayurveda significa, em sânscrito, Ciência (veda) da vida (ayur). Continua a ser a medicina oficial na Índia e tem-se difundido por todo o mundo como uma técnica eficaz de medicina tradicional.
Acredita-se que esta ciência seja parte constituinte do universo e tenha surgido juntamente com a natureza, portanto, não tenha sido criada nem desenvolvida pelos homens, mas sim aprendida e apreendida, por ser uma verdade universal.
Considera-se hoje a Ayurveda como parte da tradicão, considerando os textos escritos de charaka samhita (ayurveda clínico) e sushruta samhita (ayurveda cirurgião), conhecimento que passaram da sabedoria ancestral para o papel.
O Ayurveda continua a ser praticado regularmente na Índia e tem-se difundido por todo o mundo que com o seu conhecimento tanto da sua prática e técnicas utilizadas passa a ser reconhecida e respeitada por todos.
O Ayurveda propõe que o homem é um universo dentro de si mesmo (microcosmos) composto de corpo, mente e espírito, inserido dentro do macrocosmos, interagindo com este a todo o momento. O estado de saúde reflecte a harmonia dinâmica entre estes três factores. Representando a simples e prática da ciência da vida, é, portanto, um sistema aplicável universalmente a todos que buscam paz e harmonia interiores.
Na medicina ocidental, os órgãos do corpo humano têm diferentes funções e podem ser consideradas pequenas engrenagens de uma máquina. Quando um órgão apresenta deficiência no seu funcionamento, o tratamento restringe-se à cura dele próprio. Apresenta-se uma visão reducionista da doença. Já na medicina Ayurvedica, componente de um sistema holístico de cura e prevenção, todos os órgãos são parte de um todo. Considera-se o individuo como um ser integral, um microcosmo e que, portanto não deve ser reduzido as partes que o compõe, nem separado dos seus ambientes social, cultural e espiritual, ou da sua ligação com o macrocosmos.
- Um indivíduo é considerado uma unidade indivisível, um ser íntegro que não pode ser separado de seu ambiente social, cultural, espiritual e da sua ligação cósmica.
- Uma doença é consequência de uma desarmonia dentro de uma ordem cósmica. Não limitada pelo tempo e espaço.
- O mau funcionamento de algum ou alguns órgãos, é compreendido e tratado no contexto ambiental social, espiritual e cultural, considerando que integram um sistema corpo, mente e espírito.
- O universo é um todo perfeitamente organizado, onde nada acontece sem razão ou de maneira casual e tudo se move em direcção de um objectivo definido. Não é uma combinação sem sentido, sendo a separação dos componentes químicos que ocorrem por acaso que causa a doença.
A abordagem Ayurvédica é objectiva, em primeiro lugar, preservar e promover a saúde das pessoas através da adopção de uma rotina diária, respeitando a constituição individual de cada um. Esta rotina implica a incorporação de novos hábitos, de maneira consciente, em diversos âmbitos de nossa vida, como a alimentação (sobretudo vegetariana), a qualidade do sono e a sexualidade, que são considerados os três pilares da boa saúde.
O Ayurveda assim, procura a cura, trabalhando na promoção da saúde do corpo como um todo. Esta medicina Indiana lida com o indivíduo doente, e não com a doença em si, ou seja, procura curar a causa, e não o sintoma.
A aproximação com o indivíduo doente pode ser feita através dos oito ramos principais:
1. Medicina Interna (Clínica Geral)
2. Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia
3. Psiquiatria e Psicologia
4. Doenças da Cabeça e Pescoço
5. Cirurgia Geral
6. Toxicologia
7. Ciência do Rejuvenescimento
8. Ciência dos Afrodisíacos
As ciências do rejuvenescimento e dos afrodisíacos lidam com pessoas saudáveis, enquanto os outros seis ramos lidam com a pessoa doente. Pessoas que ansiam uma vida longa deveriam seguir os ensinamentos do Ayurveda, o que levaria à realização de quatro importantes objectivos de vida: riqueza, prazer, auto-realização e evolução espiritual.
Mais do que preservar a saúde e curar todo tipo de males, o Ayurveda propõe a transformação das pessoas porque estimula uma nova atitude mental em relação à vida: aprende-se a meditar, comer e dormir melhor, a treinar a mente para extravasar emoções tóxicas e a ter consciência de seu corpo, do espaço que ele ocupa e o propósito de sua existência neste momento. Esta transformação é possível através auto-conhecimento num movimento de auto-cura, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
A medicina Ayurvédica é parte da ciência védica e utiliza na sua abordagem terapêutica plantas medicinais, dieta, exercícios físicos, meditação, yoga, astrologia védica, massagem, aromaterapia, gemoterapia (tratamento com metais e gemas), cirurgia e psicologia.
A Ayurveda reconhece os tipos individuais e ajuda-nos a entender nossas particularidades, nossas tendências.
Além de técnicas curativas como massagens e medicamentos fitoterápicos, o tratamento ayurvédico baseia-se muito na alimentação. Mas o grande segredo deste conhecimento milenar é que todo o tratamento é indicado a partir da determinação do princípio metabólico que liga a mente e o corpo do paciente, que os indianos chamam de dosha.
Desta forma, a natureza da pessoa determina o que ela irá precisar para se equilibrar e curar-se, fazendo com que o tratamento seja absolutamente individualizado. Pessoas de diferentes constituições reagem de maneira diferente em relação à vida, logo terão diferentes reacções a um determinado tipo de tratamento - assim, o primeiro passo é descobrir qual é a sua natureza. Dado o diagnóstico geral do indivíduo, o médico irá orientar o tratamento que visa equilibrar o paciente, considerando seu biótipo. Acredita-se que a doença surge quando um dos seus princípios metabólicos (doshas) da pessoa está exacerbado ou minimizado. Nomeia-se o mal como “distúrbio de vata” “distúrbio de pitta” ou “distúrbio de kapha”.
Considera-se saudável a pessoa que possui equilíbrio entre mente, corpo e espírito, equilíbrio entre os doshas (vata, pitta e kapha), princípios universais responsáveis pelo bom e pelo mau funcionamento dos diferentes órgãos do corpo, que tem uma boa digestão, bons elementos estruturais do corpo e uma regular excreção dos produtos (toxinas) de seu metabolismo.
A doença, para a Ayurveda, é muito mais que a manifestação de sintomas desagradáveis ou perigosos à manutenção da vida, a Ayurveda, como ciência integral, considera que a doença inicia-se muito antes de chegar à fase em que ela finalmente pode ser percebida. Assim, pequenos desequilíbrios tendem a aumentar com o passar do tempo, se não forem corrigidos, originando a doença muito antes de podermos percebê-la.
Os cinco elementos e os doshas
A Ayurveda baseia-se no sistema filosófico samkhya (podem ler texto filosofia Samkhya) nos cinco elementos que formam toda a manifestação material do universo, são eles éter, ar, fogo, água e terra. Toda a matéria que existe no universo provém destes 5 elementos, inclusive o corpo humano (que além da matéria, também é formado por buddhi - discernimento, ahamkara - ego e manas - mente). De acordo com o Ayurveda, quando algum dos 5 elementos está em desequilíbrio no corpo do indivíduo, inicia-se o processo da doença.
Segundo essa tradição, os seres humanos são influenciados pelos 5 elementos através do dosha. O Homem apresenta três modelos constitutivos básicos, expressões condensadas dos cinco elementos fundamentais. Estes modelos são princípios básicos ou humores conhecidos como - Kapha, Pitta e Vata- conceitos únicos da Ayurveda. Os doshas podem ser definidos como mecanismos que governam nosso fluxo de inteligência e de energia. Vata, regido por ar e éter, Pitta, regido por fogo e água, e Kapha, regido por terra e água. Ou seja, a partir dos elementos Éter e Ar, manifesta-se Vata (vata dosha), representado pelo ar corporal, pelas cavidades. Pitta (pitta dosha) é formado a partir dos elementos Fogo e Água e manifesta-se no organismo como o fogo digestivo. Os elementos Terra e Água resultam na água corporal e formam o kapha dosha.
Assim, existem 7 constituições básicas:
1. vata,
2. pitta,
3. kapha,
4. vata-pitta,
5. pitta-kapha,
6. vata-kapha e
7. vata-pitta-kapha.
As três primeiras (formas puras) e a última (forma totalmente equilibrada) são mais difíceis de se encontrar. Em geral, as pessoas possuem 2 doshas predominantes. Como já mencionado, em todas as células existem os três doshas, em diferentes proporções, porém eles são encontrados predominantemente em certos lugares: o lugar preferencial de Vata é abaixo da região umbilical, abdominal; o de Pitta é entre as regiões cardíaca e umbilical e o de Kapha é acima da região cardíaca. Mesmo estando predominantemente nas regiões citadas, eles permeiam o corpo todo.
Cada um dos doshas é mais activo nas diferentes fases da vida do ser humano; Vata predomina após os 60 anos; Pitta entre os 20 e 60 anos, e Kapha predomina do nascimento até os 20 anos( isto é considerado como referência pois varia se for homem ou mulher).
Os doshas também possuem carácter cíclico, variando as suas proporções relativas, independente da constituição básica do indivíduo: Kapha predomina mais à tarde (entre 15 e 19h). Pitta é mais predominante no meio do dia (entre 11 e 15 h) e entre 24 e 2 h. Vata concentra-se principalmente no período entre 6 e 10h da manhã e entre 19 e 23h( aqui os horários podem variar conforme a estação do ano) .
Muitas pessoas apresentam uma constituição onde se nota, em percentagem, dois ou três dosha (ex. vata-pitta o pitta-vata), mais raros são os casos onde está presente só um dosha. Os doshas são substâncias sempre presentes no corpo, sendo continuamente renovadas, têm sua quantidade, qualidade e funções definidas. Todos os doshas estão presentes no ser humano, em cada célula do corpo, desde o momento da concepção; as diferentes constituições são resultantes das percentagens relativas entre vata-pitta-kapha. Todas as pessoas possuem os três doshas, mas em diferentes proporções. No momento da nossa concepção a nossa constituição é definida pelos doshas que estão presentes em maior quantidade no nosso organismo. Ao nascermos, tal proporção está em equilíbrio (prakriti), mas com o tempo e a vida desregrada surge o desequilíbrio em um ou mais desses doshas (vikriti), contribuindo para o aparecimento e desenvolvimento de doenças. Assim, quando normais, os doshas desempenham as diferentes funções do corpo e o mantém. Com o nosso estilo de vida, os doshas têm a tendência a se alterarem, passando por aumentos ou diminuições. Quando se produz essa alteração vão produzir alterações internascomo por exemplo nos tecidos (dhatus) - e contribuem para o aparecimento de doenças.
Quando os dosha estão em equilíbrio o de acordo com a constituição, o resultado é uma saúde vibrante com preciosos niveles de energias. Mas quanto este delicado equilíbrio é incomodado, o corpo se torna susceptível ao “stress” exteriores, como os vírus, os bactérias, um trabalho sobrecarregado, uma alimentação incorrecta. O desequilíbrio nos dosha é o primeiro sinal que o espírito, a mente, o corpo do sujeito não se encontram numa perfeita coordenação. Uma incorrecta alimentação provocará um aumento de agni (foco gástrico) e uma incorrecta digestão da comida: todo isto provocará a formação das toxinas (ama). O aumento das toxinas provocará a seguir a doença.
Para a pessoa ter o corpo saudável é necessário manter os seus tecidos saudáveis e isso é possível por meio da alimentação, que deve ser feita de acordo com o estado actual do paciente, ou seja, de acordo com seu dosha predominante e com os desequilíbrios que ele possa apresentar. Os tecidos que formam o corpo humano são formados a partir dos 5 elementos, que consumimos em forma de alimento. Para o Ayurveda, a saúde de uma pessoa é medida pela força de seu agni (fogo digestivo). Um "bom agni" é capaz de extrair dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários para formar tecidos fortes; por outro lado, quando o agni está diminuído ou é irregular (menor capacidade digestiva) a nutrição dos tecidos fica mais pobre, comprometendo a saúde e a integridade estrutural do organismo. Costuma-se dizer: "você é o que você come"; mas pode-se dizer que a medicina indiana vai além: "você é o que você consegue digerir".
O biotipo VATA
As características do Vata são a criatividade, a agitação, a variabilidade na forma, no tamanho, no carácter e na acção. Em geral, o Vata é delgado e tem uma pele fria e seca. Tem um carácter forte, é entusiasta, imaginativo, impulsivo, tem muitas ideias, mas frequentemente o Vata é inconclusivo. O Vata come e dorme numa maneira muito nómada e tem predisposição a ansiedade, a insónia, aos incómodos, a desmenorreia e a obstipação; a sua energia está presente de maneira irregular, por isso a existência do Vata é muito variável
O biotipo PITTA
O Pitta é relativamente previsível, tem uma média estatura, força e resistência, é bem proporcionado, com uma pele “avermelhada”. O Pitta tem uma inteligência rápida, articulada, aguda que pode ser também muito crítica ou “passional”, com breves e explosivos momentos de raiva. O Pitta come e dorme de uma maneira regular, ama o sol mas não suporta o calor e sofre de incómodos a nível gastroduodenal.
O biotipo KAPHA
Uma característica fundamental do Kapha é o relaxamento. O Kapha é sólido, pesado, forte, com uma digestão lenta, cabelos bastante oleosos, pele fria e pálida. São muito lentos no digerir, no comer e no agir, dormem muito tempo e profundamente, tendem a ser obstinados. Têm predisposição para altos níveis de colesterol, obesidade para as alergias.
Segundo a Medicina Ayurvédica, a alimentação deve ser feita de acordo com a constituição individual (Prakriti). Superficialmente pode-se colocar que para um sujeito Vata será adequada uma comida doce, ácida e salgada, para um Pitta uma comida doce, amarga, adstringente ao contrário os sujeitos Kapha deveriam escolher uma comida com sabor amargo, picante e adstingente.